Conselho à um jovem amigo apaixonado

Caro e jovem  amigo que inesperadamente,
de seus amorosos tormentos me faz confidente,
dependente que sou de teu virtual conhecimento,
e neófito que sois,  a mercê de  meus mundanos ensinamentos ...

Vós que se  confessa depressivo e angustiado
pela ausência prolongada da querida namorada
subjugada nos braços abertos do Cristo
e encantada  pela beleza da  perigosa Guanabara ...

Que já não se faz de ti contente o suficiente
com seu mundo, que já não vê beleza nos pássaros,
nem sente o perfume maravilhoso das flores
e para quem a noite só lhe parece um abismo profundo...

Que sois  jovem, forte e inteligente,
o que é feito afinal de tua alta estima?
Porque  voltar  a adaga a seu próprio peito
e ser enfim, vítima de sua própria sina?

És o astro maior  de teu próprio universo,
onde outros astros e  estrelas, em sinergia,
giram em torno de ti, não o inverso!

E como tal, precisas ser poderoso e forte,
pois do calor e força que de tua aura emana
dependem tantos, que a seu redor se sustentam,
te amam e por ti sofrem  ... à sua própria sorte.

O amor,  maravilhoso e puro, na recíproca
se suplanta, indiferente à distância e a dor,
alimenta-se da doce esperança do reencontro,
na saudade e na doce fantasia  ...

e se seus sentimentos já não encontram harmonia
e continuas a sofrer como mortal pelego,
vá ouvir o suave cântigo  das filhas de  Uiára ,
sereias do belo e  misterioso  lago negro!

Urias Sérgio de Freitas