Urias Sérgio

Vivo da esperança de ver o soerguimento da ética e da razão e isso dá-me forças de continuar lutando

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A Amazônia e suas adversidades
A Amazônia e suas adversidades

O  Estado do Amazonas conseguiu, através de seu modelo de desenvolvimento - "Zona Franca de Manaus" - com mais de 500 indústrias instaladas no Pólo Industrial de Manaus, "PIM", evitar o desmatamento da Floresta Amazônica até hoje, mantendo seu território com 98% de área intocada.
Isso se dá entretanto às custas do sacrifício dos ribeirinhos e interioranos que moram às margens dos rios e nas pequenas cidades. A atração dos empregos nas indústrias e o modernismo e o luxo da capital, fazem com que o "êxodo caboclo" seja cada vez mais representativo e a cidade de Manaus fica cada vez mais inchada, sem o competente saneamento básico e as invasões são constantes.
O Estado do Amazonas possui 62 municípios. A capital Manaus aproximadamente dois milhões de habitantes; a segunda maior cidade do Estado, Parintins,  e a terceira, Itacoatiara, menos de 100 mil.  O restante, são cidades de baixas densidades populacionais e a grande maioria com acesso apenas por barcos, a distâncias de até 30 dias de viagem, como por exemplo, com destino às cidades do Alto Solimões.
Os interioranos que residem a beira dos rios e igarapés, distantes dos centros populacionais, contam apenas com a pesca para sobreviver. Não possuem acesso à saúde hospitalar, nem à educação de nível médio. E se matam um animal silvestre para se alimentarem, podem ser presos, sem direito à fiança.
O mesmo acontece com a mata. Ainda que vivendo a vida toda à sombra de árvores, na propriedade que é sua por direito, se derrubá-las, podem ser presos pelos fiscais do IBAMA, que tem poder de polícia.
A terra da floresta é fraca e somente conseguem plantar alguma coisa - cultura de várzea - como a macaxeira (mandioca) durante a vazante. O rio Amazonas, sobe em média 14 metros, de janeiro a junho e de julho a dezembro é época de vazante. Não está errado não, são 14 metros mesmo!
O leito dos rios estarão disponíveis para cultura apenas nos últimos 4 meses do ano, ou seja de setembro a dezembro.
Essa, a condição caótica desse valente povo que resiste à todas essas  intempéries e encontra-se esquecido de nossos governantes.
A floresta Amazônica possui uma quantidade imensa de árvores velhas, centenárias, que em nada contribui com o meio ambiente, a não ser exalar gás carbônico e impedir o nascimento d'outras.
Ainda assim, insensível à situação miserável em que se encontram, o Governo Federal insiste na preservação da floresta pela intocabilidade,  criando áreas e mais áreas de preservação ambiental, com engessamento de mais de 52% das áreas florestais, impedindo a exploração ordenada de nossas riquezas, submisso às ONGs e Organismos Internacionais.
Existem em meio à floresta um sem número de ONGs e Missões, agindo clandestinamente, debaixo de nosso nariz, prospectando tudo, flora, fauna, e muitas delas praticando bio-pirataria.
Todas as nossas reservas minerais - todas - estão, coincidentemente, situadas debaixo de áreas indígenas. O  Estado de Roraima, possui 54 % de seu território entregue a Nações Indígenas, que não chegam a 8.000 elementos, exatamente onde estão nossas reservas de ouro, nióbio, e etc. Há alguns anos atrás, o General Lessa - quando Comandante das Forças Armadas na Amazônia - esteve no Senado Federal, alertando nossos políticos sobre o risco que corremos em ter "Nações Indígenas" legitimamente constituídas dentro de nossa Nação Brasileira, o que foi confirmado recentente pelo General Figueiredo, atual Comandante em exercício, em palestra realizada aqui em Manaus na FIEAM.
Por outro lado, como se não bastasse esses escalábrios, volta e meia o Governo Federal cria ardis contra a Zona Franca de Manaus, como no caso do "Contingenciamento da Zona Franca de Manaus" em 1993 e a Lei da Informática.
O sistema de benefícios das isenções de IPI, Imposto de Importação, ICMS e Imposto de Renda, é necessário para se preservar a competitividade de preços com os outros Estados, já que os componentes ao serem enviados para Manaus, têm um custo adicional de transporte marítimo, fluvial e rodoviário, além do tempo de transporte que liga nossa região aos outros Estados da Federação.
Sem o modelo da Zona Franca, certamente haveria uma debandada para o interior e a manutenção do nível de desmatamento estaria seriamente comprometida.
Vocês tem idéia do que representa a Amazônia para o equilíbrio ambiental mundial, dentro do atual contexto de "aquecimento global"?

Urias Sérgio de Freitas


Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 03/06/2007
Alterado em 11/08/2008


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