Li, a algum tempo atrás,
não me lembro quando,
um provérbio chinês
de autor desconhecido,

que falava de amor,
paixão e prudência, em tempos idos,
numa transcrição autêntica,
em amarfanhado papiro...

-Tu senhor! Que sempre
foste tão prudente, acorda!  
Não carregue em tua mente
fardo a mais que tuas costas agüente,

Já que se o fizeres,
além de  imprudente,
impudente para sempre,
certamente o serás!

Lá, há tantos anos atrás,
da época  somente sabendo,
do tempo, por volta de Cristo
o sagrado nascimento,

um certo senhor de  certa idade
se apaixona perdidamente,
por uma jovem, sua serviçal,
amável, carinhosa e de rara beleza,

E ainda que não lhe caiba
em pensamento nenhuma maldade,
delicada e afável, também apaixonada,
com sua  resplandecente pureza,

leva seu encantado parceiro,
aos céus, esse feliz eleito,  
não se contendo o bígamo amante
de tão enamorado e satisfeito.

Mas,  nessa  louca aventura,  
interminável, ainda que,
de ternura, não te caiba mais
de tão constante, cuidado!

Pare, relute, e olhe para trás!
Pois dentre  lágrimas e prantos convulsos,
pelos cantos de tua casa,
teus entes queridos terás!