Urias Sérgio

Vivo da esperança de ver o soerguimento da ética e da razão e isso dá-me forças de continuar lutando

Textos

 Gostaria de saber de uma vez por todas quem inventou esta no Brasil de ser – da “Melhor Idade” – os acima dos sessenta anos... E dentre os quais me incluo. A bem da verdade, quem nos proporcionou as benesses, privilégios e benefícios do merecimento por idade – que se transformaram em Lei para proteger os sexagenários - merece um prêmio Nobel... “PREMIO NOBEL PARA IDÉIAS GENIAIS”, diria eu. Pelo menos, sobrou isso para nossa sofrida classe. O direito de não enfrentar filas... A não ser do INSS (já que a grande maioria é de velhos e portanto, sem prioridades); de não pagar passagens urbanas em coletivos; de ter o direito a meia-entrada nos cinemas e algumas outras regalias poucas, se considerarmos nossa contribuição como cidadãos, a vida inteira trabalhando “no país dos paradoxos”, das injustiças sociais, de juros escorchantes e tributos extorsivos, da falta de vergonha e da corrupção. E o que mais? Aí vem o “Me engana que eu gosto” – Direito a “saúde publica”... - “Todo cidadão tem direito à moradia, a atendimento médico gratuito e etc... diz na Constituição” – Moradia para uns poucos e atendimento no SUS? Isso não é privilégio, é castigo! Que piada de mal gosto! Impostos de todos os tipos e em cascata, que ninguém aguenta mais pagar, juros absurdos, e aí vem a demagogia das “bolsas” – bolsa família, bolsa disso e daquilo, num acinte à nossa inteligência, para angariar votos nas eleições e fazer com que o povão acredite que o governo é justo e que está respeitando nossos cidadãos. Quem pode discutir os direitos adquiridos daqueles, ou melhor dizendo, nossos, que trabalhamos a vida toda, sem quase nenhum benefício ou assistência do Governo e que nos aposentamos ganhando uma miséria por mês, enquanto nossos políticos, autoridades e governantes acumulam polpudas aposentadorias diferenciadas, décimos segundos, terceiros e mais salários, legislando em causa própria e criando comissões de cargo, benefícios extras e um sem número de privilégios, se beneficiando com a miséria de nosso povo, com as dificuldades tão presentes em nosso dia a dia e com a sua própria indiferença? – Como pode ser castigo, uma pena a um juiz de direito que, por cometer atos ilícitos, recebe uma aposentadoria compulsória de R$ 26 mil reais? Isso é castigo ou prêmio por prevaricação? Além do mais, isso é brincar com nossa capacidade de discernimento, de entendimento, na medida de que nossos políticos tudo fazem, procrastinando, enganando, utilizando desculpas esfarrapadas, na certeza de se manterem na impunidade, pelos sombrios corredores do Poder Central. Dão-nos a miséria de um salário mínimo de R$ 545 reais, aposentadorias insignificantes, ao tempo que aumentam os benefícios trabalhistas a serem subsidiados pelas empresas privadas, enquanto o governo – que deveria arcar com a responsabilidade de apoio aos menos favorecidos – gasta desbragadamente e sem controle, sem comedimento e sem respeito à opinião pública, com a educação do país sucateada, o sistema prisional falido e fortalecendo as universidades do crime que são os atuais presídios brasileiros. Que vergonha nossos presídios! Como é que podemos continuar nos omitindo ao ver os absurdos em todo o país, de uma quantidade absurda de presos, jogados dentro de uma cela, muitos deles ainda sem terem sido julgados? Como é que esses indivíduos conseguirão se reabilitar de seus erros sendo tratados como animais ferozes? Por que é que o governo federal não estimula a criação de Colônias Agrícolas, a fim de que possam ter uma vida digna de trabalho, mesmo reclusos e contribuir para sua própria subsistência, hoje subsidiada pelo poder público, além de produzirem para a sociedade hortifrutigranjeiros tão necessários à sobrevivência do nossa população menos favorecida? E nós, ditos da “Melhor Idade”, criados e educados em épocas muito diferentes de hoje, quando a maioria das famílias viviam em perfeita harmonia, dentro de rígidos princípios da moralidade e do respeito mútuo e fortalecidos pelos exemplos de nossos pais, assistimos, já alquebrados e sem forças para reagir, as famílias se desintegrando, os ruidosos escândalos se multiplicando e nossos filhos e netos expostos à essa barbárie, que nos envergonha e martiriza. Urias Sérgio de Freitas.
Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 01/01/2012


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