CUMPLICIDADE
CUMPLICIDADE
Acerca-te e senta, acomoda-te a gosto Desfaz-te dessa timidez intensa Que te arfa o peito, te enrubesce o rosto E tremula tuas mãos entrelaçadas... Reclamas da desdita desse amor desesperado Por quem te sodomiza e te despreza tanto, Que te ilude, alude sempre costumeiramente rude, E ri de teu semblante apaixonado... Mas já não o fazes como dantes, compulsivamente! - Por que sulca de tua fronte o suor frio A desfazer tua maquiagem discreta? - O que ouriça tua pele qual animal no cio Se prudente me tenho distante e alerta? Te enternece porventura o mal que me aflige E me faz, na cama rolar incessantemente, A boca seca, o peito arfante, o corpo rijo E fantasias mil, fervilhando em minha mente? Que me adiantam lençóis de puro cetim, A alcova branca e fria de meu quarto Os adornos de renda e o puro carmim? Se porro, triste e angustiado A tua entrega impotentemente assiste Esse indigente d’afeto aqui a teu lado? Na cumplicidade da luz difusa desta sala Tuas pupilas dilatadas observo, atentamente, - Raios! Luzes enfim iluminam essa estrada Por onde transitava e logo eu... Cegamente! E por fim te falo! Confesso agora a lascívia louca Que me martiriza, intumesce o falo e angustia o peito, Nessa chama viva, verve incontida, que estoutas Fantasias, me acompanham ao leito. Urias Sérgio de Freitas
Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 08/03/2011
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