Urias Sérgio

Vivo da esperança de ver o soerguimento da ética e da razão e isso dá-me forças de continuar lutando

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P.I.M. - PASSADO, PRESENTE E FUTURO

P.I.M. - PASSADO, PRESENTE E FUTURO

Os diretores - executivos das indústrias instaladas no Pólo Industrial de Manaus (PIM) que aqui trabalharam durante as décadas de  oitenta a noventa saberão do que estou falando:
Durante esses anos, vimos e compartilhamos as melhores fases do nosso amado Distrito. O Pólo Industrial de Manaus consolidou-se com base nas indústrias japonesas, com produtos de alta tecnologia e qualidade irrepreensíveis. Nessa época, seja no segmento Eletro-Eletrônico, Duas Rodas, Relojoeiro e tantos outros,  as indústrias japonesas dominavam o mercado internacional e foram referência para a concretização do modelo. Para consolidar essa tendência, cumprem-se ainda hoje, exigências de fabricação de peças sobressalentes vitais, pelo menos por cinco anos, além das garantias de um ano de fabricação, procedimentos que se transformam em custos, esses extremamente expressivos, que oneram a fabricação dos produtos.
A partir da evolução das empresas coreanas e chinesas, os conceitos foram mudando, até em razão do próprio perfil do mercado moderno em plena transformação – uma verdadeira metamorfose – onde a qualidade e durabilidade dos aparelhos foram sendo atropeladas pelo avanço tecnológico e pelas tendências de novos produtos, movidos pelo consumismo exacerbado pela carência das classes populares  e pela atratividade das novidades apresentadas em designs cada vez mais futuristas e preços baixos.  E em razão da grande demanda do mercado chinês, país dos subsídios acobertados por uma política trabalhista repressiva e sistema tributário complacente  e conivente com a contravenção, na grotesca forma da pirataria e do contrabando, vemos hoje milhares de produtos de inúmeros segmentos espalhados  por todo o nosso país. Dessa forma, comprometidos ainda mais com o exagero da tributação no Brasil e o descaso e desrespeito do Governo Federal que não protege nossas indústrias contra a pirataria e o contrabando, nem pune quem os pratica, fica muito difícil para nossas empresas sobreviverem.
Assim, produtos do mundo inteiro, dos mais diversos segmentos são copiados e portanto fabricados com estruturas não tão resistentes, sem o cumprimento das garantias já descritas, primando apenas pelo fulgor do brilho dos olhos dos consumidores nos reflexos reluzentes dos detalhes apresentados, e imbatíveis, nos baixos custos de sua fabricação, com atratividade sem precedentes.
No Distrito Industrial, acostumamo-nos com os rígidos critérios das normas definidas para seu funcionamento e reguladas pela Suframa. O PPB – Processo Produtivo Básico – determinava o nível de verticalização do processo de fabricação das montadoras, permitindo a importação de “Kits” de peças de “bases estruturais definidas” – protegendo-os da nacionalização e respeitando seu desenvolvimento tecnológico – ao mesmo tempo que garantia, às indústrias intermediarias locais (de componentes), a escala necessária aos volumes de produção. Nessa situação, as empresas de componentes como: Papelão Ondulado, Injeção Plástica, Placas de Circuito Impresso, EPS (Isopor) e Metalúrgico (Estamparia) cujo imobilizado em qualquer dos segmentos chega a milhões de reais, ficariam protegidas com efeitos compensatórios aos baixos valores das matérias primas agregadas e à necessidade de grande escala de produção para sua viabilização.
E todas as empresas desses segmentos sofrem hoje uma amarga realidade, na constatação da falta de cumprimento das normas do PPB, com montadoras importando, junto com os “Kits”, os mais variados componentes, como: placas de circuito impresso, mecanismos, calços de EPS (Isopor) mantas, plásticos, fitas adesivas, peças estampadas, caixas de papelão ondulado, e mais inúmeros outros acessórios CUJA IMPORTAÇÃO É PROIBIDA e que estão sendo CONTRABANDEADOS!
É esse o único nome que se pode dar à essas importações fraudulentas – CONTRABANDO! E omissão também é crime!
Estão se esquecendo das bases de sustentação do PIM que são essas empresas e não as montadoras que aqui estão. É preciso que  respeitem essas indústrias, muitas das quais hoje já em situação extremamente comprometedora e isso acabará se  refletindo no desemprego e no desequilíbrio do setor fabril como um todo.  
Essa a nossa realidade no presente... Só espero que não se reflita em nosso futuro.
Urias Sérgio de Freitas
Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 28/07/2009


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